segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Geração solar sofre revés e investimento será adiado



O cancelamento do único leilão de energia de reserva (LER) que contrataria energia solar fotovoltaica de 2016 pode resultar na postergação de investimentos de produtores de equipamentos dessa fonte no Brasil.

Inicialmente, o governo federal planejava a realização de dois leilões de reserva no ano passado, contratando energia eólica e solar. As duas disputas acabaram sendo canceladas – a última, marcada para 19 de dezembro, com apenas cinco dias de antecedência.

“O cancelamento foi um sinal preocupante para o setor, veio de forma abrupta”, disse Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar). “Isso gera uma certa frustratação e, mais que isso, também gera perda de credibilidade, pelo fato de o anúncio ter sido feito dessa forma”, completou.

Segundo Nelson Colaferro, fundador da Blue Sol Energia Solar, voltada para geração distribuída, e presidente do conselho da Absolar, a velocidade no ganho de escala do segmento de energia solar pode ser menor por conta desse cancelamento.

Além de postergar investimentos de potenciais fabricantes de equipamentos para a área de energia solar que consideram se instalar no Brasil, o cancelamento também pode atrasar o desenvolvimento da geração distribuída solar no país.

“Estávamos torcendo para os leilões acontecerem, pois isso traria benefícios para a geração distribuída”, disse Pierre-Yves Mourgue, presidente da GreenYellow do Brasil, empresa controlada pelo grupo Casino e especializada em eficiência energética e geração distribuída.

Segundo Mourgue, o setor de geração distribuída não tem o poder de atrair fabricantes para o país, ao contrário daqueles que se concentram em grandes projetos de geração solar centralizada.

Um dos obstáculos para o desenvolvimento de projetos de geração distribuída é justamente o financiamento. Bancos de fomento, por exemplo, exigem percentuais de conteúdo local difíceis de serem atingidos, uma vez que a maior parte dos equipamentos ainda é importada.

“Uma freada nos leilões federais atrasa um pouco isso e dificulta aqueles que precisam buscar uma fonte de financiamento com o BNDES ou outros bancos nacionais”, disse Mourgue.

Segundo Colaferro, a postergação de investimentos no segmento deve acontecer apenas no curto prazo. “Em 2017, o governo vai ter de rever a estratégia e voltar a contratar fontes renováveis, solar e eólica com certeza”, afirmou Colaferro.

Sauaia também aposta no retorno de leilões de energia solar este ano. “Nossa expectativa é que o governo trabalhe para recuperar a confiança do setor solar e dê uma sinalização de clareza, estabelecendo e cumprindo uma meta objetiva de contratação anual para a fonte nos próximos cinco a dez anos”, disse.

Fonte: Valor Econômico

Arivaldo Bispo

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